“Sabes...ainda odeio mais aquelas mães que fazem montes de materiais e que trabalham todos os dias com os filhos do que as gajas magras”
...confessou-me um dia uma mãe desesperada a quem as terapeutas da filha tinham já recomendado diversas vezes que não deixasse de fazer isto, que era importante TODOS OS DIAS fazer aquilo, que não se esquecesse de experimentar aqueloutro.
...na mesma semana em que em tom de sussuro desesperado uma outra mãe me dizia, “eu sei que devia, mas não tenho paciêêêêêcia. Pego nos materiais, sento-me e assim que ele começa a esparvoar perco logo a calma”.
Queridas mães, não contem às vossas terapeutas, mas se conhecem a história do Rei vai Nú, posso assegurar-vos que há semelhanças. Todas dizemos que sim, que vamos fazer, que já experimentámos, que concerteza faremos TODOS OS DIAS, mas a realidade é que vivemos com um enorme sentimento de culpa pela nossa falta generalizada de paciência.
Existirá certamente uma ínfima percentagem (idêntica à das mulheres magras que comem tudo o que querem e não engordam) que sim, faz materiais, trabalha diriamente com os filhos, experimenta, faz e acontece.
Mas garanto-vos que todas as outras (99,9%) vivem com o sentimento de culpa de terem comido uma caixa inteira de Ferreros Rocher ao serão. Ou seja, de verem os dias da semana a passar sem terem ido à internet buscar imagens de cães e gatos, de não terem feito jogos de encaixe com os filhos, de num dia desesperado os terem sentado uma tarde inteira na cadeirinha (logos eles que precisam tanto de trabalhar a hipotonia...) ou de os terem deixado uma hora a ver desenhos animados enquanto tentavam descansar as pálpebras meias desmaiadas no sofá.
Sim, claro que é importante trabalharem com os vossos filhos. E claro que se não o fizerem vão ter sentimentos de culpa.
Mas, se vos consolar, fiquem a saber que não estão sozinhas e que todas as outras mães também acham que são as piores mães do mundo!
Um abraço
Francisca Prieto
2 comentários:
Amiga,
só para esclarecer:
1. vou continuar a odiar a mulheres magras, aquelas que comem o que querem e não acontece nada.
2. o sentimento de culpa, acompanhar-me-à SEMPRE em relação a todos os meus filhos. Em relação à Vera em especial...enfim, ai como gostaria de ser uma mãe perfeita!!!
3. Last but not least: ADOREI O TEXTO.
Bj, Marcelina
Minhas queridas
Não posso saber o que sentem porque sou só tia, mas imagino. Há uns anos uma amiga com um filho T21, contou-me que o filho estava integrado num projecto super-modernaço, mas que o médico a tinha ameaçado com a saída do projecto porque ela não conseguia, de maneira nenhuma, filmar o filho 3 minutos por semana, como o projecto requeria.A minha solidaridade para ti amiga Clarinha e para todas as super-mães, que evidentemente fazem o melhor que podem e sabem. Uma medalha de ouro pela força e bom humor.
Beijocas para todas
tia Luísa
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