segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Disbicicléticos, por Emilio Ruiz Rodriguez*

Dani é uma criança que não sabe andar de bicicleta. Todas as outras crianças do seu bairro já andam de bicicleta; os da sua escola já andam de bicicleta; os da sua idade já andam de bicicleta. Foi chamado um psicólogo para que estude seu caso. Fez uma investigação, realizou alguns testes (coordenação motora, força, equilíbrio e muitos outros; falou com seus pais, com seus professores, com seus vizinhos e com seus colegas de classe) e chegou a uma conclusão: esta criança tem um problema, tem dificuldades para andar de bicicleta. Dani é disbiciclético.Agora podemos ficar tranqüilos, pois já temos um diagnóstico. Agora temos a explicação: o garoto não anda de bicicleta porque é disbiciclético e é disbiciclético porque não anda de bicicleta. Um círculo vicioso tranqüilizador. Pesquisando no dicionário, diríamos que estamos diante de uma tautologia, uma definição circular. “Por qué la adormidera duerme? La adormidera duerme porque tiene poder dormitivo”. Pouco importa, porque o diagnóstico, a classificação, exime de responsabilidade aqueles que rodeiam Dani. Todo o peso passa para as costas da criança. Pouco podemos fazer. O garoto é disbiciclético! O problema é dele. A culpa é dele. Nasceu assim.

O que podemos fazer?Pouco importa se na casa de Dani seus pais não tivessem tempo para compartilhar com ele, ensinando-o a andar de bicicleta. Porque para aprender a andar de bicicleta é necessário tempo e auxílio de outras pessoas. Pouco importa que não tenham colocado rodinhas auxiliares ao começar a andar de bicicleta. Porque é preciso ajuda e adaptações quando se está começando.Pouco importa que não haja, nas redondezas de sua casa, clubes esportivos com ciclistas com quem ele pudesse se relacionar, ou amigos ciclistas no bairro que o motivassem. Porque, para aprender a andar de bicicleta não pode faltar motivação e vontade de aprender. E pessoas que incentivem! Pouco importa, enfim, que o garoto não tivesse bicicleta porque seus pais não puderam comprá-la. Porque para aprender a andar de bicicleta é preciso uma bicicleta. (Felizmente, os pais de Dani, prevendo a possibilidade de seu filho ser disbiciclético, preferiram não comprar uma bicicleta até consultar um psicólogo.)

Transportando este exemplo para o campo da síndrome de Down, o processo é semelhante. Desde quando a criança é muito pequena, apenas um recém-nascido, é feito um diagnóstico – trissomia do cromossomo 21 – por um médico especialista, e verificado, com uma prova científica, o cariótipo.
A partir disso, entramos em um círculo vicioso no qual os problemas justificam o diagnóstico, o qual, por sua vez, é justificado pelos problemas.

Por que a criança não cumprimenta, não diz bom-dia quando chega, nem adeus quando vai embora? “É que ela tem síndrome de Down”. Ah, bom! Achei que era mal-educada.

Por que a criança não se veste sozinha, e sua mãe a veste e despe todos os dias, se já tem oito anos? “É que ela tem síndrome de Down”. Ah, bom! Pensei que não lhe tinham ensinado.

Por que continua a tomar mamadeiras se já tem seis anos? “É que ela tem síndrome de Down”. Ah, bom! Imaginei que era comodismo de seus pais.

Por que a criança não sabe ler? “É que ela tem síndrome de Down”. Ah, bom! Pensei que não lhe haviam ensinado.

Por que não anda de ônibus ? “É que ela tem síndrome de Down”. Ah, bom! Pensei que não lhe permitiam fazer isso.

E, assim, uma lista interminável de supostas dificuldades que, por estarem justificadas pela síndrome de Down, não necessitam de nenhuma intervenção, além da resignação.

Todas as suas dificuldades se devem à síndrome de Down. Podemos estender a qualquer outra deficiência em que o diagnóstico médico ou psicológico possa ser utilizado como desculpa para nos eximirmos de responsabilidades. Se classificamos a criança como disfásica, disléxica, discalcúlica, disgráfica, deficiente visual ou auditiva, mental ou motora, disártrica ou simplesmente disbiciclética, estamos fazendo algo mais do que “colocar um nome” no que pode acontecer com uma criança. Estamos criando expectativas naqueles que a cercam. Por isso, eu sugiro que antes de comprar uma bicicleta para seu filho ou sua filha, comprove que não sejam disbicicléticos. Não vá que aconteça imediatamente após a compra dar-se conta de que se jogou dinheiro fora.

* Psicologo


publicado em zerohora.com
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2349039.xml&template=3898.dwt&edition=11379&section=1012

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Mundiais de Natação: Quatro medalhas logo no primeiro dia

http://www.algarvedesporto.pt/index.php?option=content&task=view&id=8123&Itemid=2


Albufeira foi ‘capital’ da natação mundial

Sexta, 05 de Dezembro de 2008


Fábio Fernandes (25 metros livres), Mannie NG (200m costas), Filipe Santos (50m costas) e Ivan Simmons (25m bruços) conquistaram, para Portugal, medalhas de ouro no 4º Campeonato do Mundo de Natação Síndrome Down, torneio que pela primeira vez teve lugar em Portugal. Durante 8 dias a cidade de Albufeira foi a capital da natação.

Logo no primeiro dia do Campeonato do Mundo de Natação Síndrome Down, Portugal conquistou quatro medalhas. Durante a manhã, José Vieira conquistou a medalha de Prata na Final C dos 50m bruços e Ricardo Pires arrecadou o Bronze na Final D, na mesma prova. À tarde, Fábio Fernandes ganhou a medalha de Ouro na Final E dos 25m livres e José Teixeira a medalha de Prata. A nadadora portuguesa Mannie NG conseguiu, no segundo dia de competições, a medalha de Ouro ao sagrar-se campeã dos 200m costas. Mannie NG apresentou-se em grande forma e bateu, igualmente, o recorde do Mundo com o tempo de 3.35.19, retirando 12,47s à sua marca de inscrição.
A atleta lusa já conquistou sete medalhas em Finais A no Mundial da África do Sul, em 2004, e duas Medalhas no Mundial da Irlanda, em 2006. Filipe Santos arrecadou a medalha de Ouro na Final F do Torneio Internacional dos 50m costas e Ricardo Pires subiu também ao pódio ao conquistar a Prata na Final E dos 100m livres. Depois do dia de descanso no Mundial de Natação, a equipa portuguesa regressou à competição para bater quatro recordes nacionais, arrecadando cinco medalhas no Torneio Internacional e Mannie apurou-se para mais duas finais do Campeonato do Mundo: 100m costas e 50m bruços. Neste dia de competições, Portugal conquistou ainda cinco medalhas: Ricardo Pires, nos 200m estilos, arrecadou o Bronze na Final B, Ivan Simmons nos 25m bruços subiu ao pódio com o Ouro na Final C, Carina Pereira ganhou 2 Medalhas de Prata em Finais C, dos 25m costas e dos 50m bruços, e José Teixeira alcançou o Bronze na Final C dos 25 bruços. O Campeonato de Natação Síndrome de Down, realizado pela primeira vez em Portugal, teve lugar em Albufeira (27 de Novembro a 4 de Dezembro), e acolheu cerca de 300 atletas, num total de mais de 1000 pessoas entre acompanhantes, técnicos, atletas e familiares, em representação de 24 países.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Acção IOL a favor do Diferenças

Bárbara é apenas uma das muitas crianças que são ajudadas pelo Centro de Desenvolvimento Infantil DIFERENÇAS.


Queremos fazer a diferença por todas as crianças que, como ela, têm diferenças, por isso este Natal decidimos ser… diferentes!


Basta ir a http://www.nataldiferente.iol.pt/ e deixar uma mensagem de Boas Festas na Árvore Solidária e faça uma estrela brilhar. Todas as mensagens são, automaticamente, convertidas em estrelas e poderão ser vistas no site por todos os visitantes.


Por cada estrela a brilhar o IOL irá oferecer 0,10€ ao DIFERENÇAS. É só aceder no link e deixar a vossa mensagem de Boas Festas.



É rápido, fácil e muito solidário!

"A História de Natal de Auggie Wren" - Conto do escritor Paul Auster apoia projecto da APPT21


Em parceria com a MHIJ Editores, por cada download do aúdio-livro, dois euros revertem a favor das crianças portadoras de Trissomia 21

A Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21 (APPT 21), na qual está integrado o espaço Diferenças, acaba de celebrar uma parceria de cooperação com a MHIJ Editores. No âmbito deste acordo, por cada download do aúdio-livro “A História de Natal de Auggie Wren”, a MHIJ doará dois euros a favor da APPT 21 e do Centro de Desenvolvimento Infantil Diferenças. Este conto natalício, da autoria do escritor Paul Auster, está disponível, em formato MP3, em http://www.mhij.pt/ e tem um custo unitário de seis euros.

Paul Auster compra as suas cigarrilhas holandesas numa tabacaria de Brooklyn, cujo proprietário, Auggie Wren, tem um curioso hábito de fotografar a sua rua a diversas horas, em diferentes estações, ano após ano. No Natal de 1990, o The New York Times pediu a Paul Auster um conto natalício. E o escritor inspirou-se em Auggie Wren para contar uma história plena de ternura.

Num registo que lhe é característico e que explica, em parte, o sucesso deste autor, “A História de Natal de Auggie Wren” aproxima-se de outras obras narrativas de Paul Auster pela forma como aborda os dilemas e os conflitos humanos, num ambiente verosímil e perfeitamente identificável. A temática natalícia, a solidão nas grandes cidades, a velhice e o abandono são alguns dos tópicos aflorados numa pormenorizada descrição que conta, em Portugal, com ilustração narrativa do conceituado jornalista Henrique Garcia.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Dia 3 de Dezembro 2008: Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

Neste dia Internacional da Pessoa com Deficiência, enviaram-me este texto que se enquadra perfeitamente na realidade das pessoas com deficiência.
Vale a pena reflectir nesta pequena história e divulgá-la.
Sandra Morato

“ (...)

O VASO DA VELHA CHINESA :
Uma chinesa velha tinha dois grandes vasos, cada um suspenso na extremidade de uma vara que ela carregava nas costas.
Um dos vasos era rachado e o outro era perfeito. Todos os dias ela ía ao rio buscar água, e ao fim da longa caminhada do rio até casa o vaso perfeito chegava sempre cheio de água, enquanto o rachado chegava meio vazio.
Durante muito tempo a coisa foi andando assim, com a senhora chegando a casa somente com um vaso e meio de água.
Naturalmente o vaso perfeito tinha muito orgulho do seu próprio resultado - e o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir fazer só a metade daquilo que deveria fazer.
Ao fim de dois anos, reflectindo sobre a sua própria amarga derrota de ser 'rachado', durante o caminho para o rio o vaso rachado disse à velha :
Tenho vergonha de mim mesmo, porque esta rachadura que tenho faz-me perder metade da água durante o caminho até à sua casa ...'
A velhinha sorriu :
Reparaste que lindas flores há no teu lado do caminho, somente no teu lado do caminho ? Eu sempre soube do teu defeito e portanto plantei sementes de flores na beira da estrada do teu lado. E todos os dias, enquanto voltávamos do rio, tu regava-las.
Foi assim que durante dois anos pude apanhar belas flores para enfeitar a mesa e alegrar o meu jantar. Se tu não fosses como és, eu não teria tido aquelas maravilhas na minha casa !'
Cada um de nós tem o seu defeito próprio : mas é o defeito que cada um de nós tem, que faz com que nossa convivência seja interessante e gratificante.
É preciso aceitar cada um pelo que é ... e descobrir o que há de bom nele !
Portanto, meu 'defeituoso' lado amigo/a, desejo que tenhas um bom dia e que te lembres de regar as flores do teu do caminho !
Já agora, partilha este texto com algum (ou a todos) os teus amigos/as 'defeituosos'.
Sem esquecer que é 'defeituoso' também quem to mandou ! ... (...)”