O Bruno tem Trissomia 21 e foi adoptado quando tinha 3 anos. A adopção de crianças com deficiência é uma realidade. Fica aqui o texto escrito pela mãe do Bruno, a Maria João Pereira, para a e-news do INR :
“O que me teria levado a querer um filho com deficiência?
Acho que nunca vou ter a certeza absoluta… mas se começarmos pela minha infância, a minha professora da primária teve uma menina com Síndrome de Down. Teria eu na altura uns 8 ou 9 anos. E, muito sinceramente, para mim a filha da D. Maria José era uma bebé linda. Na época, eu não consegui perceber qual era a tão grande diferença desta bebé.
Por esta altura, comecei-me a aperceber que estes meninos, um bocadinho diferentes, eram muitas vezes rejeitados… escondidos… tratados, em alguns casos, como verdadeiros seres irracionais.
Durante a minha adolescência, talvez por volta dos 16 anos, comecei a amadurecer a ideia de que queria um filho adoptado, com a particularidade de que teria de ser uma criança que ninguém quisesse.
Quando iniciei o processo de adopção do meu Tesourinho, optei por, na primeira entrevista que me foi feita no serviço de adopções da segurança social, sublinhar que aceitaria uma criança com Síndrome de Down e que a etnia me era totalmente indiferente.
A fase de avaliação foi idêntica à de qualquer outro candidato à adopção, com a particularidade de, no meu caso, se tratar de uma adopção singular.
Cerca de um ano depois de ter iniciado o meu processo de adopção, recebi um telefone da SS dizendo que me queriam apresentar o processo de um menino com Síndrome de Down.
O meu Tesourinho veio para casa numa quinta-feira solarenga de Outono. Era o dia 12 de Outubro de 2006, dia que nunca vou esquecer…
Posso garantir que, estes últimos 5 anos, têm sido muito cheios… de lutas pela inclusão e contra a descriminação… de receios… de ansiedade… de tudo fazer para mostrar à sociedade que o meu menino lindo, cor de chocolate, tem direito a um lugar e a um futuro promissor, tal como qualquer um de nós…
Mas principalmente têm sido 5 anos cheios de muito amor… muito carinho… muita dedicação...
Continuo a dizer que o meu filho lindo, de olhos em forma de amêndoa e pele cor de chocolate, é o melhor do meu mundo e é a quem dou o melhor de mim.
Entretanto, e sempre com o apoio da minha grande amiga, que é hoje a madrinha do meu Tesourinho, criámos um blog (http://otesourinho.blogspot.com), um site (http://otesourinho.webnode.com), o menino tem página de fãs no facebook (http://www.facebook.com/pages/O-Tesourinho/173476132712701) e, em breve, a história do meu pequeno herói será publicada em livro pelas mãos da Alphabetum Editora (http://www.alphabetum.pt/index.php?go=detalheautor&autor=2).
Resumindo, se abrirmos o coração e a mente à “diferença”, qualquer de nós poderá ver o quanto estas crianças têm para dar e a injustiça que é mantê-las fechadas numa instituição. Na minha opinião, não podemos desistir deles só por serem “diferentes”.Eu não desisti e foi a melhor decisão que tomei na minha vida.”
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