terça-feira, 18 de novembro de 2008

Pais e educadores lutam por escola inclusiva de qualidade

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Pais e educadores lutam por escola inclusiva de qualidade
Regional 2008-11-17 10:31

Desde 1998 que pais e educadores não dão tréguas ao sistema que definiu o fim das escolas de educação especial, colocando as crianças portadoras de deficiência no ensino regular. Exigem-se mais meios técnicos e humanos
As exigências legais colocadas pelo projecto escola inclusiva , estão longe de estar observadas. No terreno, a lei “não está a ser cumprida” para desespero de pais e prejuízo dos alunos. Embora existam casos de sucesso, “muito por força da luta e persistência dos pais”, a esmagadora maioria dos casos denuncia “alguma fragilidade” da escola inclusiva, não no capítulo dos princípios mas da aplicação no terreno.
Os pais e educadores queixam-se da falta de meios e das dificuldades num acompanhamento personalizado e adequado a estas crianças, como de resto prevê a lei, nomeadamente o decreto legislativo regional 7/2006. E as dificuldades variam consoante a patologia, mas todas elas acabam por recair sobre as formas de comunicação das crianças ou jovens com os outros e dos outros com eles.
O caso dos surdos é o mais paradigmático. Sem intérpretes de língua gestual portuguesa nas salas de aulas, a frustração na comunicação é total, quer dos alunos que não compreendem o que lhes é transmitido quer dos professores que não conseguem fazer-se entender.“Como as escolas não ultrapassam esta questão básica, criam-se novos problemas: falta de estímulo, isolamento e dificuldades de aprendizagem, que acabam por desencadear uma auto-estima baixa e uma desmotivação completa”, assegura o Presidente da Associação de Surdos de São Miguel.“Eles têm tudo menos a comunicação”, diz José Grave, acrescentando que “se lhes fosse dada uma oportunidade, logo em pequenos, os surdos deixariam de ser um problema”.
A associação luta pela existência de formadores de língua gestual portuguesa, de tradutores/intérpretes nas salas de aula onde estejam integrados surdos, terapeutas da fala e professores do ensino especial que os possam acompanhar.Há muito que se fala em integração de alunos portadores de deficiência nas escolas regulares.
Em 1994, com a declaração de Salamanca, o conceito evoluiu e hoje fala-se em escola inclusiva.Em 1998 criaram-se, na Região, as primeiras escolas básicas integradas com projectos inclusivos. Terminaram as escolas de educação especial e as crianças portadoras de deficiência passaram a frequentar o ensino regular. A “integração/inclusão”, na turma regular, em regra, é feita parcialmente, de acordo com a dificuldade física ou cognitiva. O resto do tempo que passam na escola, os jovens são entregues a uma unidade especial, a Unidade de Integração para a Vida.Aí deveriam ser acompanhadas por professores especializados e terapeutas adequados ao seu grau de dificuldade como estipula o regime jurídico de educação especial que aponta para a “adequação do processo educativo aos requisitos das crianças e jovens com necessidades” através duma “pedagogia centrada nos alunos, capaz de ir ao seu encontro”.Raramente é assim. “A adequação do ensino destas crianças à sua idade e aos seus interesses, dando-lhes ferramentas para a vida futura, com vista à sua autonomia não está a ser feita”, diz Ana Mendes, mãe duma criança portadora de deficiência cognitiva que frequenta uma escola em Ponta Delgada. “Embora a minha filha tenha uma idade mental que não corresponde à física a verdade é que com 14 anos não pode estar a aprender o BA-BA porque já o sabe e precisa de outros estímulos”. Para Ana Mendes, o problema reside na “falta de atendimento personalizado”. Na sala de aula desta jovem há mais 29 alunos, divididos por 3 professores.“Eles fazem o que podem”, admite mas é “difícil acompanhar ao mesmo tempo 10 crianças em tempos lectivos”, diz Ana Mendes. Seriam necessárias “outras valências”, talvez mais” profissionalizantes” para integrar estes jovens, contribuindo para a sua progressiva autonomização.“Eles são válidos, só esperam uma oportunidade”, conclui.

Carmo Rodeia

2 comentários:

JOAO MARIA disse...

O meu filho Joao Maria com trissomia 21 aos 8 anos entrou numa escola oficial , tinha por semana apenas duas horas de acompanhamento especial.28 horas sem acompanhamento semanal.Resultado:Nada vazia nesses tempos e apenas destabilizava a turma toda.
Conselho dado pela escola:
Transfiram no para ensino especial e escola de deficientes.Neste momento tem 21 anos e muito mais poderia ter evoluido, Fala se muito em ensino integrado , mas em Portugal nao existe , salvo rarissimas excepçoes.Os politicos falam , falam, mas a realidade nua e crua é esta.
Certamente tudo seria melhor se estas questoes fossem resolvidas por pessoas que entendem do assunto, pais , responsaveis e VERDADEIROS TECNICOS NESTAS QUESTOES, e nao como

JOAO MARIA disse...

e não como tem sido feito até aqui.por politicos que o que fazem muitas vezes é atirar um pouco de areia para os olhos , leis so no papel.so nao ve quem nao quer