A Rita era um bebé improvável.
A bem dizer, todos fomos bebés improváveis, tendo em conta os milhares de combinações possíveis que poderiam ter acontecido no dia da nossa concepção…
Mas a Rita era mesmo improvável.
Mas a Rita era mesmo improvável.
Recuando no tempo, encontramos o avô materno da Rita, nascido duma mãe com quase 50 anos e depois de 8 filhos. Era um bebé tão improvável, que os irmãos mais velhos lhe chamavam o “Zé escusado”. E foi essa a alcunha que o acompanhou enquanto crescia, na rua do bairro lisboeta ainda com cheiro a aldeia, brincando ao pião, ao berlinde e bebendo pirulitos na mercearia. Não consta que tenha ficado com traumas ou se tenha sentido a mais, educado pelos mesmos irmãos que o alcunharam e que o mimaram incondicionalmente quando, muito cedo ainda, perdeu os pais.
O pai da Rita também foi um bebé improvável.
A sua mãe casou aos 36 anos, numa época em que uma menina, nessa idade, já tinha definitivamente perdido o estatuto de casadoira e ganho o de solteirona. Mas contra todas as previsões, a avó paterna da Rita casou-se e ainda teve tempo para ter três filhos! O último, foi o pai da Rita.
Improvável, portanto.
Quanto à mãe da Rita, repetiu a história do avô: última de 9 filhos, nunca lhe chamaram escusada, mas o irmão acima dela ainda sugeriu, timidamente, é certo, que ela fosse levada pela camioneta do lixo…
Não era um bebé provável.
Um dia, ao juntar os 4 filhos para o jantar (uma família improvável, nos tempos que correm!) o pai da Rita disse: “Estão aqui todos?! Tem graça, tenho a sensação de que falta algum!”
A mãe da Rita transformou nesse momento em certeza a suspeita que já tinha e que o teste da farmácia apenas confirmou alguns dias depois.
Agora, a Rita tem nove meses.
Veio sem “ser convidada”, como disse o tio Bernardo.
E trouxe consigo uma circunstância altamente improvável, depois duma gravidez tranquila, sem sobressaltos nem suspeitas.
A Rita está aqui e tem trissomia 21.
E quando nos brinda com o seu sorriso mais meigo, quando solta a sua alegre gargalhada ou quando nos estende os braços a pedir colo, todos na família sabemos, com aquele saber que vem direitinho do coração, que mesmo contra todas as probabilidades, ela tinha que estar cá.
E tinha que ser nossa…
(A mãe da Rita)
O pai da Rita também foi um bebé improvável.
A sua mãe casou aos 36 anos, numa época em que uma menina, nessa idade, já tinha definitivamente perdido o estatuto de casadoira e ganho o de solteirona. Mas contra todas as previsões, a avó paterna da Rita casou-se e ainda teve tempo para ter três filhos! O último, foi o pai da Rita.
Improvável, portanto.
Quanto à mãe da Rita, repetiu a história do avô: última de 9 filhos, nunca lhe chamaram escusada, mas o irmão acima dela ainda sugeriu, timidamente, é certo, que ela fosse levada pela camioneta do lixo…
Não era um bebé provável.
Um dia, ao juntar os 4 filhos para o jantar (uma família improvável, nos tempos que correm!) o pai da Rita disse: “Estão aqui todos?! Tem graça, tenho a sensação de que falta algum!”
A mãe da Rita transformou nesse momento em certeza a suspeita que já tinha e que o teste da farmácia apenas confirmou alguns dias depois.
Agora, a Rita tem nove meses.
Veio sem “ser convidada”, como disse o tio Bernardo.
E trouxe consigo uma circunstância altamente improvável, depois duma gravidez tranquila, sem sobressaltos nem suspeitas.
A Rita está aqui e tem trissomia 21.
E quando nos brinda com o seu sorriso mais meigo, quando solta a sua alegre gargalhada ou quando nos estende os braços a pedir colo, todos na família sabemos, com aquele saber que vem direitinho do coração, que mesmo contra todas as probabilidades, ela tinha que estar cá.
E tinha que ser nossa…
(A mãe da Rita)
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